Grande sertão: veredas declamado, musicado, encenado e
performado. A maior obra da literatura brasileira, que completou seis
décadas este ano, será homenageada no evento Rosa Expandido, promovido
pela Fundação Clóvis Salgado. Domingo (6), Maria Bethânia fará a leitura
de trechos do livro.

A diversidade de linguagens artísticas, em
diálogo com o romance de Guimarães Rosa, demonstra os muitos caminhos
para entrar no universo roseano, destaca a historiadora Heloisa
Starling, professora titular da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). “Ninguém ensina Guimarães. Convidamos a entrar. Eu o faço por
meio de Diadorim, mas, depois, as pessoas encontram Nhorinhá, Otacília e
lá se vão”, afirma ela, que participará, no sábado (5), de seminário
com a presença do curador José Alberto Pinho.
MUSICALIDADE
Heloísa fez a curadoria dos trechos que serão lidos por Maria Bethânia.
“A relação com a música no Guimarães é fortíssima. Tom Jobim dizia que
tentava ler
Grande sertão e não conseguia. Até que começou a
lê-lo em voz alta e descobriu que tinha música”, diz. “Toda a imaginação
brasileira encontra um jeito de entrar no universo roseano. Cada leitor
encontra o seu”, destaca. Heloísa abordará a personagem Diadorim,
apresentará aspectos históricos de Guimarães e discorrerá sobre o falar
do sertão.
Ray Ribeiro, diretora de
programação artística do Palácio das Artes, conta que a ideia de evento
expandido surgiu quando estava sendo planejada a exposição
Imagens do Grande sertão,
de Arlindo Daibert, que faz a releitura imagética no universo roseano.
Nesta quinta, no Cine Humberto Mauro, serão exibidos os filmes
Outro sertão, das diretoras Adriana Jacobsen e Soraia Vilela, às 15h;
Noites do sertão, de Carlos Alberto Prates Correia, às 17h; e
Grande sertão: veredas, dirigido por Geraldo Santos Pereira e Renato Santos Pereira, às 19h.
Grande sertão será comentado por Glaura Cardoso e
Outro sertão por Soraia.
Na sexta, Elomar traz a BH o show
Canto do sertão – um aboio para Rosa.
Ray destaca que a palestra musicada do baiano explorará as
potencialidades do que ele chama de “língua sertaneza” – o falar do
sertão como amplo campo de experimentações artísticas, rico em
significados culturais. Por outro lado, trechos do livro chegarão aos
ouvidos de quem for ao Palácio das Artes por meio de mulheres que
integram o projeto Cochicho Poético.
Grande sertão: veredas foi
publicado pela primeira vez em 1956. “A obra é eterna por discutir
grandes questões como amor e ódio, Deus e o diabo, feminino e masculino,
passividade e guerra, vida e morte”, analisa Regina Bertola, integrante
do grupo teatral Ponto de Partida, que dirigiu a primeira adaptação
integral da obra.
“Guimarães é tão forte quanto (William)
Shakespeare. É um recém-nascido permanente”, afirma. Ela destaca a
maneira como o autor trata temas tão essenciais da vida. “Se as pessoas
estão em busca de palavras para enterrar seus mortos, elas encontram lá.
Se querem declaração de amor, tem lá. Se precisam de coragem em
momentos difíceis, as palavras também estão lá. Se querem uma grande
história, encontram”, conclui.
SOCIEDADE ROSEANAA
paixão por Grande sertão: veredas levou o professor da Faculdade de
Letras da UFMG Luiz Carlos de Assis Rocha a criar a Sociedade dos Amigos
de Guimarães Rosa (Sagro). Já estão programados diversos encontros com a
presença do cantor e compositor Celso Adolfo, cujo nono CD traz músicas
inspiradas em Sagarana. Outro encontro será com o autor e ilustrador
Nélson Cruz, que viajou pelas trilhas do sertão de Rosa para escrever o
livro O longe dos gerais. A próxima reunião será uma palestra do
pesquisador da Universidade de Brasília Fábio Borges Brasileiro.• Rosa expandido» Cochicho Poético – Quinta, sexta e domingo, às 18h. Palácio das Artes
» Imagens do Grande sertão – Exposição de Arlindo Daibert. Abertura quinta, às 19h. Galeria Mari’Stella Tristão
» Ponto de Partida – Palestra encenada. Sexta-feira, às 19h. Teatro João Ceschiatti. Entrada franca
»
Canto do sertão: um aboio para Rosa – Com Elomar. Sexta, às 20h30. Sala
Juvenal Dias. Entrada franca. Distribuição de ingressos às 19h30.
»
Seminário 60 anos de Grande sertão: veredas – Sábado, às 10h. Teatro
João Ceschiatti. Entrada franca, com distribuição de ingressos às 9h
» Maria Bethânia – Domingo, às 19h. Leitura de textos.
Palácio das Artes. Entrada franca. Distribuição de ingressos sexta, às 10h
. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro. Informações: (31) 3236-7400