Legislação autoriza troca de até 45% do malte de cevada por fonte de carboidrato mais barata
Os transgênicos, alimentos
geneticamente modificados, estão cada vez mais presentes no dia a dia do
brasileiro, inclusive na mesa de bar. Ao beber a sua cerveja predileta,
o consumidor provavelmente não sabe disso, já que não há qualquer
menção nos rótulos sobre essa composição. “Estamos consumindo alimentos e
bebidas geneticamente modificados sem saber”, diz a professora de
nutrição da Fumec, Ana Cristina Machado.
Em
2012, pesquisadores brasileiros ganharam destaque com a publicação de um
artigo científico no “Journal of Food Composition and Analysis” que
revelou que as cervejas mais vendidas no país, ao invés de malte de
cevada, são feitas de milho.
O estudo mostrou
que Antarctica, Bohemia, Brahma, Itaipava, Kaiser, Skol e todas aquelas
em que constam como ingrediente “cereais não maltados”, não são tão
puras como as da Baviera (região da Alemanha com excelência em
cervejas), mas estão de acordo com a legislação do Brasil, que permite a
troca de até 45% do malte de cevada por outra fonte de carboidratos
mais barata.
Conforme artigo da doutora em
nutrição em saúde pública Ana Paula Bortoletto e do advogado e ativista
de direitos humanos Flavio Siqueira Júnior, publicado na revista “Carta
Capital” neste mês, ainda não há estudos que assegurem que esse milho
criado em laboratório seja saudável para o consumo e para o equilíbrio
do meio ambiente.
Teste. De
acordo com eles, em 2013 um grupo de cientistas independentes liderados
pelo professor de biologia molecular da Universidade de Caen,
Gilles-Éric Séralini, balançou os lobistas de multinacionais com o teste
do milho transgênico NK603 em ratos. Se eles fossem alimentados com
esse milho em um período maior que três meses, tumores cancerígenos
surgiam nas cobaias. Só que a publicação da pesquisa foi desclassificada
pela editora da revista por pressões.
Ambev
Resposta. A
Ambev informou que as receitas são estratégicas e não informou a
composição dos produtos. A Brasil Kirin e a Itaipava também foram
procuradas, mas não houve retorno das empresas.
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