terça-feira, 23 de agosto de 2016

Flagrante de inabilitados cresce

Neste ano, a média é de 15 ocorrências por hora; número de registros no Estado está em alta desde 2013

Para especialista, blitze deveriam ser mais comuns para inibir motoristas inabilitados
A cada hora, uma média de 15 motoristas inabilitados ou que tiveram a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou a Permissão Para Dirigir (PPD) cassadas são flagrados ao volante em Minas. Dados da Polícia Civil mostram que, de janeiro a junho deste ano, 66.399 pessoas foram abordadas cometendo esse tipo de infração.
A estatística ainda aponta que, desde 2013, quando 125.199 motoristas inabilitados foram flagrados, a infração tem sido cada vez mais comum. No ano passado, foram 140.166 ocorrências, um aumento de 11,9%. A situação é preocupante, segundo o coordenador de Operações Policiais do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), delegado Adriano Assunção, pois motoristas sem habilitação são um risco à sociedade.
“É um número alto, sim, mas significa também que está tendo fiscalização dos órgãos de trânsito”, afirmou. Segundo Assunção, o motorista inabilitado ou o que teve o direito de dirigir cassado oferece risco ao tráfego, uma vez que ele não conhece as leis de trânsito ou já as desrespeitou.
Ao contrário do delegado, o engenheiro em transporte e trânsito e professor da universidade Fumec Márcio Aguiar acredita que a fiscalização é tímida e, logo, os números poderiam ser maiores. “Se a estrutura (de fiscalização) fosse mais robusta, mais pessoas seriam flagradas”, afirmou.
Para o engenheiro, a legislação é adequada, no entanto, não há o cumprimento: “Se a carteira fosse retirada, a multa aplicada e o carro apreendido, a pessoa teria que fazer o curso de reciclagem e seria mais difícil voltar a dirigir”.
Exemplo disso é o de um motorista de 50 anos, que só aceitou falar com a reportagem sob anonimato. Ele afirmou dirigir há 25 anos sem habilitação e que já foi parado em duas blitze, mas que não sofreu punição. “Sempre fui desleixado, como nunca gostei de dirigir, não era prioridade. Fazia pequenas viagens, mas não me preocupava em ser parado. Quando fui, não menti”.

 O tenente-coronel Gláucio Porto Alves, comandante do Batalhão de Trânsito de BH informou que as operações são realizadas diariamente tanto pelo batalhão específico como por todos os outros batalhões do Estado. O delegado Assunção informou que a Polícia Civil também realiza blitze semanais.

Alto custo impede renovação

     Muitos condutores preferem correr o risco de dirigir sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) a ter que pagar infrações acumuladas e os cursos de reciclagem ou do processo para aptidão. Um fotógrafo de 26 anos – que pediu anonimato –, por exemplo, dirige há seis anos sem o documento.
     Ele chegou a ter a permissão para dirigir, entretanto vendeu uma moto, e, como não transferiu o veículo para o nome do novo dono, as multas sofridas foram para ele, que perdeu a autorização. Agora, além de precisar pagar para fazer todo o processo de habilitação, ele precisaria regularizar a dívida das infrações.
     “Eles (Detran) me mandaram uma carta, informando que minha permissão havia sido cassada. Desde então, como revolta, eu ando sem carteira. Já fui parado uma vez pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas havia outro habilitado comigo para conduzir o carro”, contou.
O valor médio para tirar uma CNH, hoje, é de R$ 1.750. Caso a pessoa precise repetir só o exame e compre mais cinco aulas de rua, o valor aumenta mais R$ 510. 

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