Neste ano, a média é de 15 ocorrências por hora; número de registros no Estado está em alta desde 2013
A cada hora, uma média de 15
motoristas inabilitados ou que tiveram a Carteira Nacional de
Habilitação (CNH) ou a Permissão Para Dirigir (PPD) cassadas são
flagrados ao volante em Minas. Dados da Polícia Civil mostram que, de
janeiro a junho deste ano, 66.399 pessoas foram abordadas cometendo esse
tipo de infração.
A estatística ainda aponta
que, desde 2013, quando 125.199 motoristas inabilitados foram flagrados,
a infração tem sido cada vez mais comum. No ano passado, foram 140.166
ocorrências, um aumento de 11,9%. A situação é preocupante, segundo o
coordenador de Operações Policiais do Departamento de Trânsito de Minas
Gerais (Detran-MG), delegado Adriano Assunção, pois motoristas sem
habilitação são um risco à sociedade.
“É um
número alto, sim, mas significa também que está tendo fiscalização dos
órgãos de trânsito”, afirmou. Segundo Assunção, o motorista inabilitado
ou o que teve o direito de dirigir cassado oferece risco ao tráfego, uma
vez que ele não conhece as leis de trânsito ou já as desrespeitou.
Ao contrário do delegado, o engenheiro em transporte e trânsito e
professor da universidade Fumec Márcio Aguiar acredita que a
fiscalização é tímida e, logo, os números poderiam ser maiores. “Se a
estrutura (de fiscalização) fosse mais robusta, mais pessoas seriam
flagradas”, afirmou.
Para o engenheiro, a
legislação é adequada, no entanto, não há o cumprimento: “Se a carteira
fosse retirada, a multa aplicada e o carro apreendido, a pessoa teria
que fazer o curso de reciclagem e seria mais difícil voltar a dirigir”.
Exemplo disso é o de um motorista de 50 anos, que só aceitou falar com a
reportagem sob anonimato. Ele afirmou dirigir há 25 anos sem
habilitação e que já foi parado em duas blitze, mas que não sofreu
punição. “Sempre fui desleixado, como nunca gostei de dirigir, não era
prioridade. Fazia pequenas viagens, mas não me preocupava em ser parado.
Quando fui, não menti”.
O
tenente-coronel Gláucio Porto Alves, comandante do Batalhão de Trânsito
de BH informou que as operações são realizadas diariamente tanto pelo
batalhão específico como por todos os outros batalhões do Estado. O
delegado Assunção informou que a Polícia Civil também realiza blitze
semanais.
Alto custo impede renovação
Muitos
condutores preferem correr o risco de dirigir sem a Carteira Nacional
de Habilitação (CNH) a ter que pagar infrações acumuladas e os cursos de
reciclagem ou do processo para aptidão. Um fotógrafo de 26 anos – que
pediu anonimato –, por exemplo, dirige há seis anos sem o documento.
Ele
chegou a ter a permissão para dirigir, entretanto vendeu uma moto, e,
como não transferiu o veículo para o nome do novo dono, as multas
sofridas foram para ele, que perdeu a autorização. Agora, além de
precisar pagar para fazer todo o processo de habilitação, ele precisaria
regularizar a dívida das infrações.
“Eles
(Detran) me mandaram uma carta, informando que minha permissão havia
sido cassada. Desde então, como revolta, eu ando sem carteira. Já fui
parado uma vez pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas havia outro
habilitado comigo para conduzir o carro”, contou.
O
valor médio para tirar uma CNH, hoje, é de R$ 1.750. Caso a pessoa
precise repetir só o exame e compre mais cinco aulas de rua, o valor
aumenta mais R$ 510.
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