terça-feira, 23 de agosto de 2016

Primeiro emagrecedor em 17 anos chega às farmácias do país.



Injetável, Saxenda tem o preço aprovado pela Anvisa e vai custar R$ 740 a caixa.
 
Dezessete anos após o lançamento do último remédio para emagrecer no país, chega às farmácias brasileiras nos próximos dias o Saxenda, medicamento injetável indicado para tratar a obesidade em pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30.

A informação foi adiantada pela presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Cintia Cercato, e confirmada pelo fabricante, o laboratório Novo Nordisk, que fará o lançamento oficial do produto em meados de setembro. Desde 1999, quando foi lançado o orlistat, mais conhecido como Xenical, a indústria farmacêutica não apresentava um novo produto ao controverso mercado de emagrecedores.

Some-se a esse vácuo a proibição, em 2011, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dos principais medicamentos usados até então para a perda de peso, os anfetamínicos à base de anfepramona, femproporex e mazindol, diante de estudos mostrando que os riscos à saúde desses produtos superavam os benefícios.

Aprovado em março deste ano pela Anvisa, o Saxenda é uma nova versão do Victoza, lançado no país em 2010 para tratar a diabetes e que vinha sendo amplamente utilizado para combater a obesidade, apesar de não ser aprovado para esse fim.

O princípio ativo de ambos é a liraglutida, que imita um hormônio produzido naturalmente pelo organismo responsável pela saciedade.

Estudos clínicos mostraram que é possível perder até 10% do peso corporal usando o produto, desde que associado a uma reeducação alimentar e atividades físicas. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão náusea e enjoo, e entre os raros, pancreatite.

Desde março, o laboratório aguardava a aprovação do preço pela Anvisa, o que ocorreu na semana passada.

O Novo Nordisk informou que o valor da caixa com três canetas de aplicação será de R$ 740, em média. “Cada caneta vai até a dose de 3 mg. O tratamento começa com 0.5 mg e vai aumentando gradativamente. Como a dose é ajustável, vai depender do tratamento e orientação médica”.

A presidente da Abeso, Cintia Cercato, afirma que a chegada do Saxenda “é uma opção” para ajudar principalmente as pessoas que estão obesas em um mercado carente de medicamentos desde a intervenção da Anvisa, em 2011. “É importante, porém, deixar claro que não ele é indicado para aqueles que querem perder alguns quilos apenas”, alerta.

A endocrinologista esclarece ainda que não adianta esperar milagre. “A obesidade precisa de mais pesquisa, mais medicamentos. E as pessoas têm que ter em mente que para emagrecer não vai ter um alimento milagroso, nem a dieta milagrosa, mas um conjunto de coisas, como atividade física, mudança de estilo de vida e na alimentação”, diz.
 

Análise

Médico critica proibição de anorexígenos
O endocrinologista Hamilton Junqueira diz que “infelizmente o arsenal terapêutico para tratar a obesidade é escasso, principalmente após a Anvisa erroneamente restringir e até banir diversos medicamentos usados para tal”.

Segundo o médico, essa proibição abriu um “grave precedente”, que foi o aparecimento de terapias alternativas e populares, criando um grande mercado de substâncias sem qualquer eficácia que “são vendidas e consumidas de forma excessiva sem qualquer avaliação médica prévia”.

“Obviamente, somos, sim, a favor das dietas e o consumo cada vez menor de substâncias calóricas, mas, acima de tudo, sabemos que não é somente a dieta que irá resolver o grave problema de excesso de peso”, afirma o especialista. “Nesse quesito, é indispensável a avaliação e acompanhamento do endocrinologista, que irá avaliar fatores clínicos, hormonais e metabólicos envolvidos nessa patologia chamada obesidade”. (AR)

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