Sorte, azar, destino: afinal, o que podemos controlar? Há aspectos da vida sobre os quais não temos controle, mas em outros é possível executar ações para alcançar o que queremos
Não basta ter boa sorte se a pessoa não consegue segurar as rédeas da própria vida. Entretanto, se desenvolver suas qualidades pessoais, é possível vencer a má sorte. É o que propõe Nicolau Maquiavel com os conceitos de virtù e fortuna, apresentados principalmente na obra “O Príncipe”, no século 16. Fortuna, a deusa da sorte, boa e má, seria incontrolável, segundo acreditavam os gregos e romanos. O filósofo italiano, contudo, apostava que quando desenvolvida a virtù, ou atributos como força de caráter, coragem e perspicácia, o indivíduo controlaria as forças do destino, superaria as adversidades e obteria êxito em suas ações.
Saiba
o que importa para você: focalize seu tempo e energia nas coisas que
são importantes, tanto no trabalho quanto no lazer
“Maquiavel afirmava que se o chefe político tivesse virtù,
seria possível para ele prever e vencer a má fortuna”, relembra o
professor de filosofia da PUC Antônio Valverde. “O pensar grande, o
enxergar longe, é um jeito de afastar o acaso”, completa Valverde.
Ao definir um caminho aleatoriamente, sem método ou critério, não se tem consciência para onde a vida segue nem de que maneira nosso interior funciona. É fundamental que no processo de interação com o mundo a pessoa se dê conta de qual é o seu papel e o que lhe cabe em cada aspecto da vida. “Só assim poderemos acertar e reproduzir o acerto e, se errarmos, evitar outros erros”.
Sendo a sorte o
resultado de qualquer ação, a boa ou a má sorte depende do processo
decisório. Por isso, quando se decide tomar uma decisão, é preciso
colocá-la em prática. Um exemplo muito comum é aquela pessoa que se dá
conta que precisa emagrecer, mas não faz qualquer movimento para perder
peso. Não muda a alimentação e continua sedentária. Inevitavelmente ela
terá um mau resultado – ou uma má sorte.
Tempo é vida
Impulsionar
a boa sorte tem a ver com a estratégia do pensamento. É importante
definir o que é prioritário para si, o que traz mais impacto para a sua
vida e saber gerenciar o tempo. Há sinônimos que podem clarear o
processo: o duo “tempo” e “vida” é um deles. Portanto, pessoas que falam
“eu não tenho tempo agora” passam a seguinte mensagem: “Eu não tenho
vida para mim agora”.
Dulce dá três dicas essenciais para a melhor
gestão do tempo. Primeiro, saiba qual é sua prioridade. “É sem ‘s’,
pois não é múltipla. É exatamente o que é preciso fazer agora, o que tem
mais impacto e relevância neste instante”.Segundo, aprenda a ter tempo livre. Ao enchermos o dia, transformando-o em um atropelamento constante de tarefas, não permitimos um momento de ócio criativo. “A inovação só vem do ócio criativo e não do trabalho árduo. O ócio é o fomento para a criatividade aparecer”, ela explica.
Em terceiro, coloque o que queremos todos os dias na nossa agenda. Em vez de deixar o lazer só para o fim de semana, é importante ter lazer na vida diariamente, nem que seja por 15 minutos. “Isso garante que todos sejam dias sejam de melhor performance”, ela garante.
Com a agenda bem equilibrada, perceba então o que está em ação na sua vida: se é o destino ou o livre-arbítrio. Fazer dar certo tem a ver com o livre-arbítrio, que determina se a porta à sua frente é um beco sem saída ou um novo caminho. Não se pode mudar o destino da porta, está fora de nosso controle, mas sim como passar por ela.
Aprender sobre a sorte que se pode criar é o mote do palestrante motivacional Douglas Miller no livro “A Sorte Como Hábito” (Integrare Editora). Para Miller, pessoas sortudas não esperam as coisas acontecerem; elas têm participação ativa em suas vidas, pois executam ações específicas para conseguir o que querem. Ao longo dos anos, essas ações se tornam hábitos e a boa sorte as acompanha para sempre.
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